O reino plantae é como chamamos o reino das plantas (ou vegetais), organismo eucarióticos, multicelulares e autotróficos*, ou seja, são capazes de produzir as substâncias orgânicas que lhe servem de alimento, através de fotossíntese. As células das plantas possuem parede celular de celulose, vacúolos e plastos (ou plastídeos) entre os quais, um que você deve conhecer e que participa da fotossíntese é o cloroplasto. A substância de reserva desses seres é amido e efetuam meiose espórica (na hora da formação dos gametas).
Assim como muitas algas, todas as plantas possuem ciclo de vida haplodiplonte, que explicaremos mais a frente. Por enquanto basta saber que nesse ciclo há alternância de gerações haplóides (gametófitos) formadores de gametas e indivíduos diplóides formadores de esporos (esporófitos).
Atualmente são conhecidas mais de 320 mil espécies de planta, que variam tanto em tamanho quanto em forma e até na organização corporal. Vão desde organismos relativamente simples como os musgos até organismos complexos como os pinheiros e plantas frutíferas.
Já foram propostas diferentes formas de se classificar as plantas, a mais aceita atualmente as divide em filos. Estes filos são agrupados em quatro grandes grupos, nos quais você já deve ter ouvido falar, Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas. Ainda podemos agrupá-las em dois grupos maiores, o das plantas criptógamas, plantas sem semente e fanerógamas que apresentam semente. Falaremos agora um pouco sobre os quatro grandes grupos, falando sobre suas principais características e representantes e o ciclo de vida.
———- Briófitas ———-
São as mais simples do reino plantae, no geral, pequenas e delicadas vivendo em ambientes úmidos e sombreados. Contudo, existem musgos (as briófitas mais conhecidas) que vivem sob rochas ou barrancos expostos ao sol, locais relativamente secos; e também há aqueles que vivem sob temperaturas muito baixas, no Círculo Polar Ártico, onde constituem vastas áreas denominadas tundras. Além de musgos, outras plantas como as hepáticas e antóceros são briófitas.
As briófitas são plantas avasculares, ou seja, não possuem vasos que conduzem seiva pelo seu corpo, a transmissão de nutrientes é de célula para célula e se dá por difusão. em geral possuem um eixo principal conhecido como caulóide (por lembrar o caule das outras plantas), dotado de estruturas laminares que lembram folhas e são chamadas de filóides. Fixam-se ao solo, pedra ou tronco de árvore, através de rizóides, estruturas parecidas com raízes, porém a função principal é fixação e não absorção de nutrientes, isto ocorre por toda a planta.
Quanto a reprodução, as briófitas podem se reproduzir assexuadamente por fragmentação, mas o meio mais comum é pelo ciclo haplodiplonte, que como já foi dito, acontece em todas as plantas, nas briófitas ele acontece da seguinte forma:
Como podemos ver, no caso dos musgos, o esporófito (indivíduo 2n produtor de esporos) cresce encima do gametófito que crescemperpendicularmente ao solo, enquanto nas hepáticas, o gametócito cresce rente ao local onde está fixado e os esporófitos se desenvolvem sobre pequenos espaços do gametófito. Na parte superior do esporófito é formado uma cápsula, lembrando um guarda-chuva minúsculo, com bordas lisas nas plantas masculinas e recortadas nas femininas. Veja na imagem ao lado uma hepática e o esporófito de uma planta feminina.
———- Pteridófitas ———-
São plantas traqueófitas, ou seja, com vasos condutores de seiva em seu corpo, e nelas, o gametófito se desenvolve independentemente do esporófito, e assim como as briófitas, não formam sementes. Representantes conhecidos do grupo são as samambaias e avencas, muito utilizadas como plantas ornamentais. Há espécies de grande porte, são comuns em matas úmidas e muitas delas são epífitas, ou seja, vivem sobre outras plantas, mas sem parasitá-las; há poucas espécies aquáticas em água doce. Fazem parte também do grupo licopódios e selaginelas, cavalinhas e psilotáceas. Os tipos citados nesse parágrafo estão nas imagens abaixo, resta a você testar seus conhecimentos (ou sua habilidade no google images search) descobrindo qual é qual (clique na imagem para aumentá-la várias vezes):
As pteridófitas foram os primeiros vegetais a apresentar um sistema de vasos condutores de nutrientes. Isso possibilitou um transporte mais rápido de água pelo corpo vegetal e favoreceu o surgimento de plantas de porte elevado. Além disso, os vasos condutores representam uma das aquisições que contribuíram para a adaptação dessas plantas a ambientes terrestres.
O corpo das pteridófitas possui raiz, caule e folha. O caule das atuais pteridófitas é em geral subterrâneo, com desenvolvimento horizontal, sendo chamado de rizoma. Mas, em algumas como os xaxins, o caule é aéreo. Em geral, cada folha dessas plantas divide-se em muitas partes menores chamadas folíolos.
Veja agora o ciclo da vida de uma samambaia, onde na superfície inferior das folhas de certas espécies se formam círculos pequenos, que nos chamamos de soros, eles contêm esporângios, e estes contem esporócitos, as células que produzem esporos.
As estruturas chamadas de anterídeo e arquegônio são respectivamente estruturas masculina e feminina, formadas ambas num gametócito hermafrodita, ou então, podem ser anterídeos formados em um microgametófito (gametófito masculino) e arquegônios formados em um megagametófito (feminino). Os anterídeos, como mostra a figura, liberam, quando maduros, os anterozóides, gametas masculinos que fecundarão, cada um a um arquegônio, formando um zigoto.
———- Gimnospermas ———-
Essas plantas são no vasculares e possuem sementes chamadas “nuas”. Isso pois elas não são envolvidas pelo ovário desenvolvido, (por um fruto), mas inseridas em uma camada superficial constituída por escamas reunidas, uma espécie de ramo com folhas modificadas, um estróbilo, que pode ter forma cônica em algumas árvores como nos pinheiros, sendo chamado de pinha. Esses estróbilos são as estruturas reprodutivas. Dessa forma, as gimnospermas são vegetais que não possuem frutos. Nesse grande grupo encontram-se os pinheiros e ciprestes, cicas, gnetáceas e gincobilobas, que são seres que vivem, preferencialmente em ambientes frios ou temperados.
Esses organismos possuem o esporófito como fase predominante no seu ciclo, e reúnem espécies monóicas ou dióicas, porém com reprodução sexuada:
– As monóicas caracterizam-se por manifestar em uma mesma planta, tanto estróbilos masculinos quanto femininos, que possuem, respectivamente, estruturas diferenciadas chamadas de microsporângio e megasporângio. O primeiro origina o grão de pólen e o segundo o óvulo. Normalmente os estróbilos masculinos se dispõem próximo à base da copa arbórea, e os estróbilos femininos mais em direção ao ápice.
– As dióicas representam espécies onde os distintos estróbilos são formados em diferentes indivíduos, uma planta masculina e outra feminina.
O ciclo de vida dessas plantas é mais complexo que o dos vistos anteriormente, por isso, para melhor entendimento, veja três exemplificações claras do ciclo clicando aqui, aqui de novo, e aqui também. A reprodução desses vegetais depende da polinização pelo vento, que leva os grãos de pólen até os óvulos fixos nas árvores.
———- Angiospermas ———-
O nome do grupo faz referência a plantas com sementes guardadas no interior de um fruto. Essa é a novidade evolutiva característica das angiospermas, a presença de frutos e flores. É o mais numeroso grupo de plantas atuais, variando de gramíneas a enormes árvores. Existem cerca de 235.000 espécies descritas e habitam todos os tipos de ambientes.
A divisão desse grande grupo tem sido questionada e está em discussão, mas por enquanto, podemos dividi-las em três grupo principais, o das monocotiledôneas, eudicotiledôneas e dicotiledôneas basais, estas ultimas apresentam características primitivas, sendo consideradas remanescentes do grupo que deu origem tanto às monocotiledôneas quanto às eudicotiledôneas, e envolve apenas cerca de 3% das espécies de angiospermas. O grupo das eudicotiledôneas e das dicotiledônias basais estavam inicialmente contidas dentro do grupo das dicotiledôneas, que foi desmembrado por não ser monofilético.
A seguir as principais características dos dois principais grupos de angiospermas:
Monocotiledôneas:
- Raízes fasciculadas;
- Folhas com nervuras paralelas (paralelinérvea);
- Sementes com 1 cotilédone;
- Flores trímeras (múltiplas de 3);
- Ciclo de vida curto (por causa da raiz pequena);
- Crescimento primário;
Exemplos: Gramíneas, arroz, milho, cereais, centeio, trigo, aveia, cana, palmeiras, etc.
Eudicotiledôneas:
- Raíz axial ou pivotante permitindo assim atingir maiores profundidades;
- Folhas com nervuras geralmente reticuladas (nervuras ramificadas);
- Flores tetrâmeras ou pentâmeras (múltiplas de 4 ou 5);
- Semente com 2 cotilédones;
- Ciclo de vida longo;
- Crescimento secundário;
- Podem apresentar caule lenhoso;
Exemplos: Leguminosas como amendoim, feijão, soja, lentilha e ervilha, além do ipê, do jacarandá, da roseira, da paineira, etc.
Vamos nos voltar agora para o ciclo reprodutivo dessas plantas, onde a flor é o aparelho de reprodução. Uma flor completa de angiosperma possui uma parte feminina e uma parte masculina, mas não por isso a parte masculina de uma flor fecunda a feminina da mesma. A parte masculina é chamada de androceu, e a feminina de gineceu. O primeiro é formado pelo conjunto dos estames, folhas modificadas, ou esporófilos, pois sustentam esporângios. São constituídos por um filete e pela antera.
A parte feminina, gineceu, é o conjunto de carpelos. Cada carpelo, ou esporófilo feminino, é constituído por uma zona alargada oca inferior designada ovário, local que contém óvulos. Após a fecundação, as paredes do ovário formam o fruto. O carpelo prolonga-se por uma zona estreita, o estilete, e termina numa zona alargada que recebe os grãos de pólen, designada estigma. Geralmente o estigma é mais alto que as anteras, de modo a dificultar a autopolinização (diferentemente da imagem representativa).
A polinização é essencial para a reprodução e perpetuação dessas plantas, seja através do vento, ou por outros agentes polinizadores, como pequenos mamíferos, aves ou os que mais se destacam, os insetos, dentre os quais estão as abelhas. As abelhas utilizam o pólen para seu sustento, e acabam ajudando as plantas quando levam o pólen de uma flor consigo e “acidentalmente” deixam que ele caia em outra flor quando estão pegando mais pólen. As abelhas são mais importantes do que muitos pensam, como disse Albert Einstein uma vez: “Se as abelhas desaparecerem, ao homem restarão apenas quatro anos de vida”.
Fora a divagação com as abelhas, hora de finalizarmos a fala sobre angiospermas apresentando seu ciclo de vida:
Bem, é isso, um “breve” resumo sobre botânica; os principais grupos, suas características e ciclos de vida. Restam agora uma observação solicitada nos primeiros parágrafos da introdução:
* Como pra toda regra há exceção, também há plantas que não realizam fotossíntese, são plantas parasitas de outras plantas, que se alimentam do que elas produzem. Mas esse é um assunto um pouco complicado e não se faz necessário falar sobre ele nesse post, para mais informações acesse: http://digitalves.blogspot.com/2010/06/planta-parasita-de-outras-plantas-e-nao.html